Dando sequência à celebração do Agosto Dourado e a importância da nutrição materna durante a amamentação, abordaremos mais um nutriente importante para esta fase. A importância da suplementação materna durante o período pré-natal é bastante conhecida, mas e durante a amamentação, será que tem necessidade?

 

As reservas nutricionais da mulher pós-parto podem ser esgotadas devido à perda de sangue durante o parto, assim como à sobrecarga nutricional que o bebê exige durante a gestação [1]. Durante o período de amamentação, há ainda mais perda de nutrientes por conta da produção do leite materno, pois o corpo da mãe prioriza as necessidades do bebê. Assim, uma significativa parte dos nutrientes é direcionada para o leite, às custas dos depósitos maternos [1]. Por isso, a mulher que amamenta deve estar atenta para a possibilidade de aumentar a ingestão de nutrientes, a fim de manter um bom status nutricional [1].

 

Tal status nutricional se reflete ainda diretamente na saúde do recém-nascido, visto que o leite materno é o único alimento para os lactentes e deve, portanto, garantir nutrição adequada como continuidade da alimentação intrauterina. Vale ressaltar que as necessidades nutricionais do recém-nascido são maiores do que em qualquer outra fase de seu desenvolvimento, podendo impactar a saúde do indivíduo até a fase adulta [2]. Assim, tanto o estado nutricional quanto a dieta materna podem influenciar na composição do leite e, portanto, no aporte de nutrientes ao lactente [1].

 

Diante disso, já é bem consolidado que a nutrição da mãe deve se estender além do período gestacional, sendo a amamentação um período tão importante para a saúde e desenvolvimento do recém-nascido quanto foi a gestação. Nesse sentido, além das vitaminas e minerais convencionais, a vitamina K2, é um nutriente cujas funções ainda são pouco conhecidas, mas que exerce papel importante durante o período da lactação.

 

A vitamina K2 é uma vitamina lipossolúvel, pertencente à família da vitamina K, e que na forma de menaquinona-7 (MK-7), apresenta maior biodisponibilidade e eficácia clínica [3], quando comparada à tradicional vitamina K1.

 

O leite humano apresenta níveis muito baixos de vitamina K [4], levando-se em conta a ingestão diária recomendada (IDR) deste nutriente para recém-nascidos até os 6 meses. A quantidade de vitamina K no leite humano chega a ser somente  20% do preconizado na IDR, quantidade muito aquém do necessário para que esse nutriente promova a manutenção da saúde do bebê [5].

 

A boa notícia é que estudos comprovam que o aumento do consumo desta vitamina pela mãe aumenta os seus níveis no leite e acredita-se que a suplementação oral da lactante pode ser uma forma mais eficiente e segura de garantir os níveis adequados de vitamina K para o bebê, prevenindo a sua deficiência, conforme descrito a seguir.

 

O estudo de Saga et al. indicou que a suplementação materna com vitamina K2 aumentou os níveis deste nutriente no leite de forma mais significativa do que a suplementação com vitamina K1. Os autores concluíram que a vitamina K2 é mais acumulada e concentrada no leite materno e a administração contínua de K2 pode aumentar a concentração de vitamina K no leite, prevenindo desordens hemorrágicas por deficiência desta vitamina nos lactentes [7].

 

Além dos benefícios para o bebê, a suplementação da mãe após a gestação se mostrou benéfica em promover a sua saúde óssea. Tsuchie et al. relataram 4 casos de mães de 30 a 34 anos de idade com osteoporose associada à gestação e que foram suplementadas com 45 mg/dia de vitamina K2. Como resultado, a suplementação levou à melhora do quadro da doença, com redução significativa ou desaparecimento da dor, sendo considerada uma opção eficiente para manutenção da saúde óssea materna [8].

 

Então a forma da vitamina K importa? Sim! Para se ter uma ideia, no Japão, a doença hemorrágica do recém-nascido foi amplamente eliminada pela profilaxia com a suplementação oral do lactente com vitamina K2, ao invés de K1 [9]. Este fato levanta a questão de qual forma de vitamina K é a melhor e mais eficaz para garantir a saúde do bebê.

 

Em suma, a vitamina K2 na forma de MK-7 é a forma de vitamina K mais resolutiva e biodisponível, por ainda permanecer mais tempo no organismo, atuando em proteínas importantes para a coagulação sanguínea e saúde óssea e cardiovascular.  É possível, portanto, consumir dose inferior desse composto, em comparação com a vitamina K1, para atingir os efeitos terapêuticos desejados [3].

 

A MK-7 é sintetizada por bactérias e é encontrada em alimentos fermentados como queijos e, principalmente, na soja fermentada (natto), típica da dieta japonesa e pouco consumida no ocidente [10, 11]. Dessa forma, o seu consumo em níveis adequados é muito difícil de ser atingido exclusivamente através da alimentação, o que ressalta a importância e necessidade da sua suplementação em gestantes e lactantes para a manutenção da saúde materna e do bebê.

 

Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc e Renata Cavalcanti, PhD

 

 

Referências
1.    Ares Segura S., Arena Ansotegui J., Diaz-Gomez N.M., en representacion del Comite de Lactancia Materna de la Asociacion Espanola de P. An Pediatr (Barc). 2016;84(6):347 e341-347. 2.    Nogueira de Almeia C.A., Pimentel C., da Fonseca E.D. Associação brasileira de nutrologia (ABRAN). 2019;1ª edição. 3.    Halder M., Petsophonsakul P., Akbulut A.C., Pavlic A., et al. Int J Mol Sci. 2019;20(4). 4.    Greer F.R., Marshall S., Cherry J., Suttie J.W. Pediatrics. 1991;88(4):751-756. 5.    Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC Nº 269, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005. Ministério da Saúde Brasil. Vol 2005. 6.    Thijssen H.H., Drittij M.J., Vermeer C., Schoffelen E. Br J Nutr. 2002;87(3):219-226. 7.    Saga K., Terao T. Nihon Sanka Fujinka Gakkai Zasshi. 1989;41(11):1713-1719. 8.    Tsuchie H., Miyakoshi N., Hongo M., Kasukawa Y., et al. Ups J Med Sci. 2012;117(3):336-341. 9.    Matsuzaka T., Yoshinaga M., Tsuji Y., Yasunaga A., et al. Brain Dev. 1989;11(6):384-388. 10.  Schurgers L.J., Vermeer C. Haemostasis. 2000;30(6):298-307. 11.              Sato T., Schurgers L.J., Uenishi K. Nutr J. 2012;11:93.

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