Com o intuito de incentivar a prevenção e o diagnóstico do câncer da pele, em 2014, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) iniciou a campanha de combate ao câncer de pele chamada “Dezembro Laranja”. Desde então, sempre no último mês do ano, a SBD realiza ações para reforçar como evitar o câncer mais comum no país.

 

O câncer da pele corresponde a 33% dos diagnósticos de todos os tipos de tumores malignos no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos no país.

 

Segundo o INCA, os principais fatores de risco para o câncer de pele incluem a exposição cumulativa aos raios ultravioletas (principalmente do sol ou câmaras de bronzeamento), ter a pele clara e/ou olhos azuis e ter histórico familiar ou pessoal de câncer de pele.

 

Entre as formas de prevenir o câncer de pele, o INCA destaca: evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h; usar proteção adequada (como roupas, chapéus, óculos escuros com proteção UV e guarda sol) e usar filtro solar com fator de proteção de no mínimo 15.

 

Além dessas importantes recomendações, muitos dermatologistas e outros profissionais da saúde indicam o consumo de nutrientes de ação antioxidante com ação comprovada para ajudar a prevenir o desenvolvimento de câncer. Alguns dos principais nutrientes estão descritos a seguir.

 

Magnésio

Estudos epidemiológicos verificaram uma associação entre o baixo consumo de magnésio e o risco de câncer. Baixos níveis desse mineral no organismo resultam no aumento da inflamação e do estresse oxidativo no organismo, que pode causar mutações genéticas que originam a célula cancerígena, bem como pode contribuir para a ativação dos mecanismos envolvidos no processo de metástase do câncer.

 

Zinco

O zinco ajuda a manter o sistema imunológico funcionando de forma eficiente para combater o câncer e outras doenças. Também é necessário para o funcionamento da superóxido dismutase, uma enzima antioxidante importante no organismo. Alguns estudos verificaram que os níveis de zinco se encontram reduzidos em 60-80% em células cancerígenas, sendo o decréscimo dos seus níveis considerado um evento que precede o desenvolvimento do câncer. Além disso, esse nutriente atua como um supressor tumoral em vários tipos de câncer e exerce um efeito citotóxico em células tumorais. Um estudo de 2017 do The American Journal of Clinical Nutrition descobriu que apenas um aumento modesto do zinco na dieta ajudou a repor os antioxidantes e restaurar as funções imunológicas do organismo. O zinco aumentou o nível de proteínas envolvidas no reparo do DNA e reduziu o tipo de dano ao DNA que pode levar ao câncer.

 

Astaxantina

Esse carotenoide é considerado o antioxidante mais potente conhecido pela ciência até o momento – não é à toa que é apelidado de rei dos antioxidantes. Além de promover diversos benefícios para a saúde e beleza da pele, estudos comprovaram que a astaxantina pode desempenhar um papel importante na prevenção do câncer, inclusive de pele, tanto pela redução do estresse oxidativo e dano ao DNA, quanto pela melhora da resposta imune. Além disso, observações epidemiológicas sugerem que o seu alto consumo nas dietas tradicionais de esquimós e certas tribos costeiras na América do Norte esteja relacionada com a prevalência muito baixa de câncer nestes povos.

 

Colina

A colina também é um nutriente importante na prevenção do câncer. Uma metanálise de 11 estudos epidemiológicos com o total de 513.390 indivíduos concluiu que o maior consumo deste nutriente essencial está associado com a redução de 18 a 48% no risco de câncer. Uma análise dose-resposta identificou ainda que o incremento de 100 mg/dia do consumo de colina e betaína estava associado com uma redução adicional de 11% na incidência de câncer. Além disso, estudos com roedores demonstraram que a deficiência de colina pode causar diversos tipos de câncer, como de fígado e pulmão. Apesar da sua grande importância, dificilmente conseguimos obter níveis adequados de colina somente através da dieta.

 

Selênio

Uma metanálise importante de 16 estudos observacionais envolvendo mais de 144.000 participantes relatou que aqueles com uma maior ingestão de selênio têm um risco 31% menor de câncer em qualquer local, bem como um risco 40% menor de morte por câncer.

 

Vitamina D e cálcio

Um estudo de 2011 (Women’s Health Initiative) descobriu que, em mulheres com histórico de câncer de pele não melanoma, a suplementação de vitamina D (400 UI) e cálcio (1.000 mg) reduziu o risco de melanoma. Achados semelhantes foram observados em relação ao câncer de mama, cólon e reto. Apesar da pele produzir vitamina D em resposta à exposição solar, uma vez que a exposição desprotegida ao sol causa danos à pele, a suplementação de vitamina D é recomendada pelo Institute of Medicine e The Skin Cancer Foundation.

 

Vitamina E

Essa vitamina tem muitas funções importantes que podem auxiliar na prevenção do câncer de pele. Como um antioxidante, ajuda a prevenir os danos dos radicais livres e da luz UV, tem efeitos anti-inflamatórios potentes e melhora a capacidade da pele de atuar como barreira protetora.

 

Considerações finais

De maneira geral, alguns nutrientes antioxidantes podem ser importantes aliados na prevenção do câncer de pele. Apesar da adoção das medidas de prevenção (como uso de filtro solar), de hábitos de vida saudáveis e de uma dieta balanceada serem altamente recomendáveis, os suplementos alimentares podem ser importantes aliados uma vez que é difícil obtermos todos os nutrientes em quantidades adequadas somente através da dieta.

 

Produzido por: Andrea Rodrigues Vasconcelos, PhD
 

 

Referências
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Câncer de pele representa cerca de 30% dos tumores malignos do País. Disponível em: < https://www.sbmt.org.br/portal/skin-cancer-responds-to-around-30-of-all-malignant-tumors-in-the-country/> Acesso em: 6 de dezembro de 2020.
Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de pele não melanoma. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pele-nao-melanoma > Acesso em 6 de dezembro de 2020.
Skin Cancer Foundation. Can Your Diet Help Prevent Skin Cancer? Disponível em: < https://www.skincancer.org/blog/can-your-diet-help-prevent-skin-cancer/ > Acesso em 6 de dezembro de 2020.
Park JS et al. Astaxanthin decreased oxidative stress and inflammation and enhanced immune response in humans. Nutr Metab (Lond), 2010. 7: p. 18.
O’Connor I and O’Brien N. Modulation of UVA light-induced oxidative stress by beta-carotene, lutein and astaxanthin in cultured fibroblasts. J Dermatol Sci, 1998. 16(3): p. 226-30.
Rao AR et al. Effective inhibition of skin cancer, tyrosinase, and antioxidative properties by astaxanthin and astaxanthin esters from the green alga Haematococcus pluvialis. J Agric Food Chem, 2013. 61(16): p. 3842-51.
Lyons NM and O’Brien NM. Modulatory effects of an algal extract containing astaxanthin on UVA-irradiated cells in culture. J Dermatol Sci, 2002. 30(1): p. 73-84.
Chalyk NE et al. Continuous astaxanthin intake reduces oxidative stress and reverses age-related morphological changes of residual skin surface components in middle-aged volunteers. Nutr Res, 2017. 48: p. 40-48.
Kim JH et al. Protective effects of Haematococcus astaxanthin on oxidative stress in healthy smokers. J Med Food, 2011. 14(11): p. 1469-75.
Zhang L and Wang H. Multiple Mechanisms of Anti-Cancer Effects Exerted by Astaxanthin. Mar Drugs, 2015. 13(7): p. 4310-30.
Tanaka T et al. Cancer chemoprevention by carotenoids. Molecules, 2012. 17(3): p. 3202-42.
Vinceti M et al. Selenium for preventing cancer. Cochrane Database Syst Rev. 2014;2014(3):CD005195. Published 2014 Mar 30.
Brunner RL et al. The effect of calcium plus vitamin D on risk for invasive cancer: results of the Women’s Health Initiative (WHI) calcium plus vitamin D randomized clinical trial. Nutr Cancer. 2011;63(6):827-841.
Zyba SJ et al. A moderate increase in dietary zinc reduces DNA strand breaks in leukocytes and alters plasma proteins without changing plasma zinc concentrations, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 105, Issue 2, February 2017, Pages 343–351
Keen MA, Hassan I. Vitamin E in dermatology. Indian Dermatol Online J. 2016;7(4):311-315.
Larsson SC et al. Wolk, Magnesium intake in relation to risk of colorectal cancer in women. JAMA, 2005. 293(1): p. 86-9.
Folsom AR and Hong CP. Magnesium intake and reduced risk of colon cancer in a prospective study of women. Am J Epidemiol, 2006. 163(3): p. 232-5.
Castiglioni S and Maier JA. Magnesium and cancer: a dangerous liason. Magnes Res, 2011. 24(3): p. S92-100.
Shivakumar K and Kumar BP. Magnesium deficiency enhances oxidative stress and collagen synthesis in vivo in the aorta of rats. Int J Biochem Cell Biol, 1997. 29(11): p. 1273-8.
Kuzniar A et al. The influence of hypomagnesemia on erythrocyte antioxidant enzyme defence system in mice. Biometals, 2003. 16(2): p. 349-57.
Barbagallo M et al. Effects of glutathione on red blood cell intracellular magnesium: relation to glucose metabolism. Hypertension, 1999. 34(1): p. 76-82.
Cernak I et al. Alterations in magnesium and oxidative status during chronic emotional stress. Magnes Res, 2000. 13(1): p. 29-36.
Blache D et al. Long-term moderate magnesium-deficient diet shows relationships between blood pressure, inflammation and oxidant stress defense in aging rats. Free Radic Biol Med, 2006. 41(2): p. 277-84.
Boparai RK et al. Insinuation of exacerbated oxidative stress in sucrose-fed rats with a low dietary intake of magnesium: evidence of oxidative damage to proteins. Free Radic Res, 2007. 41(9): p. 981-9.
Costello LC and Franklin RB. Cytotoxic/tumor suppressor role of zinc for the treatment of cancer: an enigma and an opportunity. Expert Rev Anticancer Ther, 2012. 12(1): p. 121-8.
Al-Ebraheem A et al. The evaluation of biologically important trace metals in liver, kidney and breast tissue. Appl Radiat Isot, 2009. 67(3): p. 470-4.
Sun S et al. Choline and betaine consumption lowers cancer risk: a meta-analysis of epidemiologic studies. Sci Rep, 2016. 6: p. 35547.
Copeland DH and Salmon WD. The occurrence of neoplasms in the liver, lungs, and other tissues of rats as a result of prolonged choline deficiency. Am J Pathol, 1946. 22: p. 1059-79.
Salmon WD and Copeland DH. Liver carcinoma and related lesions in chronic choline deficiency. Ann N Y Acad Sci, 1954. 57(6): p. 665-77.
Ghoshal AK and Farber E. The induction of liver cancer by dietary deficiency of choline and methionine without added carcinogens. Carcinogenesis, 1984. 5(10): p. 1367-70.
Ghoshal AK and Farber E. Choline deficiency, lipotrope deficiency and the development of liver disease including liver cancer: a new perspective. Lab Invest, 1993. 68(3): p. 255-60.

Disclaimer

O conteúdo do site não se destina a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença. Todas as informações são baseadas em evidências científicas, porém fornecidas apenas para fins informativos e com o objetivo de exercer uma comunicação business-to-business (B2B).

Disclaimer

The content of the website is not intended to diagnose, treat, cure or prevent any disease. All information is based on scientific evidence but provided for informational purposes only and with the aim of exercising business-to-business (B2B) communication.

Disclaimer

El contenido del sitio web no está destinado a diagnosticar, tratar, curar o prevenir ninguna enfermedad. Toda la información se basa en evidencia científica, pero se proporciona solo con fines informativos y con el objetivo de ejercer la comunicación de empresa a empresa.