A síndrome metabólica é um conjunto de condições inter-relacionadas que aumentam o risco de doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes tipo 2. Essas condições incluem a hipertensão, alto nível de glicemia sanguínea, obesidade ou excesso de gordura abdominal e dislipidemia (níveis anormais de colesterol ou triglicerídeos).

 

A síndrome metabólica é cada vez mais comum, sendo considerada uma epidemia global. De maneira geral, estima-se que 25% da população mundial tenha síndrome metabólica.

 

Nos Estados unidos, acredita-se que cerca de um terço dos adultos tenham síndrome metabólica, enquanto na Europa, estima-se que a sua prevalência seja de 41% nos homens e 38% nas mulheres entre 30 e 89 anos de idade. Já no Brasil, a prevalência desta síndrome em adultos varia de 18 a 30% em diferentes regiões, alcançando até 42% entre crianças e adolescentes brasileiros.

 

Apesar do intenso debate, ainda não existe um único critério aceito universalmente para definir a síndrome metabólica. O Brasil dispõe de uma definição recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM), que propõe que este distúrbio ocorre quando estão presentes ao menos três dos cinco critérios abaixo:
 

  • Obesidade abdominal (circunferência da cintura acima de 102 cm em homens e 88 cm em mulheres)
  • Hipertensão (pressão arterial igual ou superior a 130/85 mmHg)
  • Glicemia de jejum elevada (igual ou superior a 110 mg/dL)
  • Triglicerídeos elevados (igual ou superior a 150 mg/dL)
  • HDL reduzido (abaixo de 40 mg/dL em homens e 50 mg/dL em mulheres)

 

O tratamento da síndrome metabólica ou de algum de seus componentes compreende principalmente mudanças drásticas no estilo de vida, como alteração da dieta e realização de exercícios físicos regularmente. As opções terapêuticas disponíveis nem sempre são eficazes para todos devido, por exemplo, às particularidades das manifestações clínicas de cada paciente.

 

Alguns dos fatores que podem influenciar no risco de desenvolvimento de síndrome metabólica incluem a predisposição genética, a idade, o sedentarismo, o tabagismo e a alta ingestão de bebidas alcoólicas.

 

Mais recentemente, fatores dietéticos e deficiências nutricionais têm sido identificados como importantes componentes no aparecimento e progressão da doença. Neste contexto, se destacam dois nutrientes com relação comprovada com a síndrome metabólica: o magnésio e a vitamina D.

 

Magnésio
A deficiência de magnésio pode estar associada ao desenvolvimento de síndrome metabólica. Uma metanálise de 13 estudos observacionais, envolvendo um total de 5.496 participantes, concluiu que os níveis de magnésio são significativamente mais baixos em adultos com síndrome metabólica.

 

Por outro lado, uma revisão sistemática de estudos clínicos concluiu que a suplementação com magnésio em indivíduos com deficiência do mineral pode ser eficaz no tratamento da síndrome metabólica.

 

Posteriormente, um estudo clínico recente com 198 indivíduos com síndrome metabólica e hipomagnesemia confirmou esta hipótese. Os pacientes receberam uma solução contendo 382 mg de magnésio elementar ou placebo diariamente, por 16 semanas. Como resultado, o magnésio melhorou a síndrome metabólica, reduzindo a pressão sanguínea, a hiperglicemia e a hipertrigliceridemia dos pacientes.

 

Vitamina D
Assim como o magnésio, a deficiência de vitamina D tem sido associada ao maior risco de desenvolvimento de diversas desordens associadas à síndrome metabólica, como a hipertensão, a obesidade, a resistência à insulina, a diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

 

Um estudo brasileiro indicou uma alta prevalência de 77,3% de deficiência de vitamina D em 22 pacientes portadores de síndrome metabólica no Centro de Estudos e Atendimento Dietoterápico, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

 

A vitamina D exerce importante papel no metabolismo da insulina e glicose. Essa vitamina não só estimula as células do pâncreas a aumentarem a produção de insulina, mas também diminui a resistência a esse hormônio.

 

De fato, estudos têm apontado para efeitos positivos da suplementação da vitamina D no tratamento da síndrome metabólica. Por exemplo, um estudo recente com 535 adolescentes relatou que a suplementação de vitamina D (1000 U.I. por dia) foi eficaz em reduzir a incidência de síndrome metabólica, levando a uma redução significativa dos níveis de triglicerídeos, glicose e pressão arterial e um aumento de HDL (o “colesterol bom”).

 

Portanto, a suplementação com nutrientes como o magnésio e a vitamina D pode ser uma importante aliada no combate à síndrome metabólica e seus fatores de risco associados, sempre com o acompanhamento de um profissional da saúde.
 

 

Referências
Mayo Clinic. Metabolic Syndrome. Disponível em: < https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/metabolic-syndrome/symptoms-causes/syc-20351916 > Acesso em: 25 maio 2020.
Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005). I Diretriz brasileira de diagnóstico e tratamento da síndrome metabólica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 84:1-28.
Gao W, Group DS (2008). Does the constellation of risk factors with and without abdominal adiposity associate with different cardiovascular mortality risk? Int J Obes (Lond). 32(5):757-62.
de Souza Leão et al. (2010). Prevalência de síndrome metabólica em adultos referenciados para ambulatório de nutrição no Rio de Janeiro, Brasil, Rev Bras Cardiol, 23:93-100.
Tavares LF et al. (2010). Síndrome metabólica em crianças e adolescentes brasileiros: revisão sistemática. Cad Saude Coletiva, 18:469-76.
Schnack LL, Romani AMP (2017). The metabolic syndrome and the relevance of nutrients for its onset. Recent patents on biotechnology, 11(2):101-119.
La SA et al. (2016). Low magnesium levels in adults with metabolic syndrome: a meta-analysis. Biological trace element research, 170(1):33-42.
Guerrero-Romero F et al. (2016). Magnesium in metabolic syndrome: a review based on randomized, double-blind clinical trials. Magnesium research, 29(4):146-153.
Rodríguez-Morán M et al. (2018). Oral magnesium supplementation and metabolic syndrome: a randomized double-blind placebo-controlled clinical trial. Advances in chronic kidney disease, 25(3):261-266.
Park JE et al. (2018). Vitamin D and metabolic diseases: Growing roles of vitamin D. Journal of obesity & metabolic syndrome, 27(4):223.
Santos LF et al. (2013). Avaliação da Prevalência de Hipovitaminose D em pacientes portadores de Síndrome Metabólica do Centro de Estudos e Atendimento Dietoterápico em Salvador – Bahia. Nutrire, 38:394.
Kelishadi R et al. (2014). Effects of vitamin D supplementation on insulin resistance and cardiometabolic risk factors in children with metabolic syndrome: a triple-masked controlled trial. J Ped, 90:28-34.
Al-Daghri NM et al. (2019). Effects of different vitamin D supplementation strategies in reversing metabolic syndrome and its component risk factors in adolescents. The Journal of steroid biochemistry and molecular biology191:105378.

Disclaimer

O conteúdo do site não se destina a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença. Todas as informações são baseadas em evidências científicas, porém fornecidas apenas para fins informativos e com o objetivo de exercer uma comunicação business-to-business (B2B).

Disclaimer

The content of the website is not intended to diagnose, treat, cure or prevent any disease. All information is based on scientific evidence but provided for informational purposes only and with the aim of exercising business-to-business (B2B) communication.

Disclaimer

El contenido del sitio web no está destinado a diagnosticar, tratar, curar o prevenir ninguna enfermedad. Toda la información se basa en evidencia científica, pero se proporciona solo con fines informativos y con el objetivo de ejercer la comunicación de empresa a empresa.