Sabemos que agentes biológicos (bactérias, vírus e fungos), agentes físicos (radiação, queimaduras, traumas) ou agentes químicos (toxinas, substâncias cáusticas) podem causar lesões ou danos aos nossos tecidos e órgãos. A inflamação nada mais é do que uma resposta do sistema imune após algum dano causado por esses agentes, com o objetivo de manter a saúde e segurança do nosso corpo [1].

 

Assim, por definição, processos inflamatórios não são maléficos. Entretanto, como todos os demais processos biológicos, para que não se torne algo negativo para a saúde, a inflamação precisa estar sob controle. Essa, talvez, seja a principal diferença entre a inflamação aguda e a crônica.

 

A inflamação aguda é provavelmente a mais conhecida, porque praticamente todos conhecem seus sinais. Aquele calor, vermelhidão e inchaço que surgem ao redor dos tecidos e articulações quando machucamos um dedo, por exemplo, são os principais sinais do processo agudo, da resposta emergencial do corpo àquela lesão [2]. Em condições normais, após algumas horas ou dias, aquele processo reduz de intensidade e a inflamação some, permanecendo apenas o processo de cicatrização daquele machucado.

 

Por sua vez, em condições de desequilíbrio entre os componentes do processo inflamatório, os glóbulos brancos, que têm a finalidade de proteger o corpo de infecções, acabam agindo não apenas no sítio da lesão, mas nos tecidos saudáveis próximos [3]. Essas situações têm mais chance de acontecer quando o nosso organismo não está em seu estado ótimo de saúde.

 

Por exemplo, quando estamos com as taxas de colesterol ou glicose muito elevadas ou quando estamos muito acima do peso, nosso sistema imune reconhece o excesso de células de gordura como uma ameaça e envia cada vez mais glóbulos brancos para os locais onde a gordura se acumula no corpo, fazendo com o que estado inflamatório persista de forma crônica.

 

Além disso, o sistema imune também envia células de defesa para outras partes do corpo, o que resulta no desenvolvimento de comorbidades associadas à inflamação [4]. As principais são as doenças cardiovasculares, artrites e demais problemas de articulações, e até mesmo doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer [5-9].

 

A boa notícia é que algumas estratégias de combate à inflamação crônica estão ao nosso alcance. Parar de fumar, por exemplo, é uma ótima opção porque as toxinas do fumo têm ligação direta com a inflamação crônica [10]. Também, reduzir o colesterol alto faz muita diferença na manutenção da saúde inflamatória e do sistema imunológico como um todo [11].

 

Além desses pontos, a dieta é uma das nossas maiores aliadas. Diversos alimentos têm componentes com ação antioxidante e anti-inflamatória que ajudam a reequilibrar o excesso de citocinas e células de defesa. Reduzir o consumo de açúcares simples, como refrigerantes e doces, e refinados, como macarrão ajudam na perda e, consequentemente, na inibição da inflamação. Alimentos que são fontes de ômega-3, como salmão e azeite de oliva, ou que contêm polifenóis, como o açafrão, uvas vermelhas e chá verde, são importantes antioxidantes e anti-inflamatórios que podem ser inseridos na dieta [12, 13].

 

Produzido por: Renata Cavalcanti, PhD e Pietra Sacramento Prado, BSc.

 

 

Referências

  1. Wolf, D. and K. Ley, Immunity and Inflammation in Atherosclerosis. Circ Res, 2019. 124(2): p. 315-327.
  2. Varela, M.L., et al., Acute Inflammation and Metabolism. Inflammation, 2018. 41(4): p. 1115-1127.
  3. Castanheira, F.V.S. and P. Kubes, Neutrophils and NETs in modulating acute and chronic inflammation. Blood, 2019. 133(20): p. 2178-2185.
  4. Fougere, B., et al., Chronic Inflammation: Accelerator of Biological Aging. J Gerontol A Biol Sci Med Sci, 2017. 72(9): p. 1218-1225.
  5. Wirtz, P.H. and R. von Kanel, Psychological Stress, Inflammation, and Coronary Heart Disease. Curr Cardiol Rep, 2017. 19(11): p. 111.
  6. Newcombe, E.A., et al., Inflammation: the link between comorbidities, genetics, and Alzheimer’s disease. J Neuroinflammation, 2018. 15(1): p. 276.
  7. Harth, M. and W.R. Nielson, Pain and affective distress in arthritis: relationship to immunity and inflammation. Expert Rev Clin Immunol, 2019. 15(5): p. 541-552.
  8. Falconer, J., et al., Review: Synovial Cell Metabolism and Chronic Inflammation in Rheumatoid Arthritis. Arthritis Rheumatol, 2018. 70(7): p. 984-999.
  9. Stephenson, J., et al., Inflammation in CNS neurodegenerative diseases. Immunology, 2018. 154(2): p. 204-219.
  10. Taati, B., H. Arazi, and K. Suzuki, Oxidative Stress and Inflammation Induced by Waterpipe Tobacco Smoking Despite Possible Protective Effects of Exercise Training: A Review of the Literature. Antioxidants (Basel), 2020. 9(9).
  11. Curley, S., et al., Metabolic Inflammation in Obesity-At the Crossroads between Fatty Acid and Cholesterol Metabolism. Mol Nutr Food Res, 2021. 65(1): p. e1900482.
  12. Zhu, F., B. Du, and B. Xu, Anti-inflammatory effects of phytochemicals from fruits, vegetables, and food legumes: A review. Crit Rev Food Sci Nutr, 2018. 58(8): p. 1260-1270.
  13. Rondanelli, M., et al., Food pyramid for subjects with chronic pain: foods and dietary constituents as anti-inflammatory and antioxidant agents. Nutr Res Rev, 2018. 31(1): p. 131-151.

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